Maria Clara Spinelli anuncia aposentadoria da carreira de atriz e recebe apoio de famosos e fãs

Maria Clara Spinelli, a atriz trans que anunciou aposentadoria

Nesta quarta-feira, 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans, Maria Clara Spinelli, a primeira protagonista transgênero de uma novela da TV Globo, surpreendeu a todos ao anunciar o fim de sua carreira como atriz. Em um emocionante desabafo nas redes sociais, ela revelou os motivos por trás da decisão, que incluem a sensação de ser “desprezada” e a necessidade de se afastar de um ambiente que, segundo ela, a obrigava a se violentar para agradar aos outros.

“Ser desprezada é pior do que ser odiada. Hoje, aposenta-se uma atriz-trans. Hoje, morre uma mulher-trans”, escreveu Maria Clara, que também apagou todas as postagens anteriores e assinou o texto como “Maria Rodrigues”.

A atriz, que brilhou como Renée no remake de Elas por Elas (2023-2024), deixou claro que não quer mais se submeter a um sistema que, em sua visão, limita suas oportunidades a papéis que exploram sua experiência como mulher trans.

Um desabafo sincero e doloroso

No texto, Maria Clara refletiu sobre o processo de luto e transformação que viveu ao longo de sua carreira. “Terapia também é um processo de Luto. Da pessoa que você acha que é, para a pessoa que você pode se tornar, talvez. Com sorte. Em um processo de muita dedicação e esforço”, compartilhou. Ela também questionou por que nunca foi chamada para interpretar personagens que não tivessem relação com a experiência transgênero, destacando que há muitas outras atrizes “de verdade” que poderiam assumir esses papéis.

“Eu, não. Então, a Carreira de Maria Clara Spinelli, encerra-se. Aqui. (Mas, eu ainda tenho um gato.) Subscrevo-me, Maria Rodrigues”, finalizou.

Apoio de colegas e fãs

A decisão de Maria Clara comoveu colegas de profissão e fãs, que inundaram suas redes sociais com mensagens de carinho e solidariedade. Amaury Lorenzo, intérprete de Chico em Volta por Cima, escreveu: “Eu te celebro. Eu te apoio. Mas estou triste”. Já Valentina Herszage, que trabalhou com Maria Clara em Elas por Elas, a chamou de “Maria mais que especial”.

Monique Alfradique, que interpretou Érica, irmã de Renée na novela, também manifestou apoio com um emoji de coração, ao que Maria Clara respondeu com gratidão: “Meu amor”.

Fãs e seguidores também se mobilizaram para incentivar a atriz a reconsiderar sua decisão. O perfil do Instituto Transviver comentou: “Meu amor, você é tão necessária… não coloca teu talento de molho, não adianta, vc nasceu pra brilhar, atuar, e mostrar ao mundo que é maravilhosa”. Outra seguidora trans desabafou: “Maria, entendo tua dor e compartilho dela. Meu maior sonho é ser atriz e morro de medo em não conseguir uma carreira digna apenas por ser uma mulher trans, pela falta de espaço. Mas eu continuarei lutando por mim, por você e por nós”.

Uma carreira marcante

Antes de se tornar uma das sete protagonistas de Elas por Elas, ao lado de Deborah Secco, Isabel Teixeira, Thalita Carauta, Késia Estácio, Mariana Santos e Karine Teles, Maria Clara Spinelli já havia participado de outras produções da TV Globo, como as novelas Salve Jorge (2012)A Força do Querer (2017), além das séries Supermax (2016)Carcereiros (2018). Sua trajetória como atriz pioneira abriu portas para a representatividade trans na televisão brasileira, deixando um legado inspirador.

O que fica para o futuro?

Apesar de encerrar sua carreira como atriz, Maria Clara deixou claro que continuará escrevendo. Sua decisão, embora dolorosa, reflete a busca por um caminho onde ela possa se expressar sem se sentir violentada ou limitada. Enquanto isso, o apoio de colegas e fãs mostra o quanto sua presença e talento são valorizados.

Maria Clara Spinelli deixa um vazio na teledramaturgia, mas também um exemplo de coragem e autenticidade. Que sua jornada inspire mudanças e abra mais espaços para a diversidade na arte e na vida.

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